segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Corte e reflorestação com criptoméria

A Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo manifesta a sua preocupação com o facto de, recentemente, se ter procedido ao corte de uma mata de criptoméria (Cryptomeria japonica) em plena Reserva Natural, dentro da bacia hidrográfica e precisamente junto a uma linha de escorrência de água que alimenta a Lagoa, num terreno de elevada inclinação.

Aparentemente, foi dada autorização pelas entidades competentes, o que levanta algumas questões, dada a necessidade que houve de abrir caminhos e portanto de movimentar o solo em plena Reserva Natural.

Para além disso, as árvores existentes no local parecem apresentar uma qualidade muito baixa, em termos de madeira, com diâmetros de tronco relativamente reduzidos.

Por outro lado, circularam informações segundo as quais a zona poderia ser reflorestada com espécies nativas, o que não parece ser o caso, visto que já se observam no local novas plantações de criptoméria. Se toda a perturbação causada tivesse sido concretizada com o objectivo de substituir a criptoméria por espécies nativas, ainda se poderia perceber, mas para plantar de novo criptoméria é algo que custa a entender. Aliás, é bem visível a grande quantidade de criptomérias a invadir as vertentes da Lagoa do Fogo, provavelmente originada por sementes provenientes das matas envolventes. Em termos de conservação, seria prioritário cortar essas criptomérias e não a referida mata.

Uma situação preocupante é a possibilidade de que com a chegada das chuvadas mais fortes, durante o Inverno, ocorra arrastamento de material sólido para a Lagoa, favorecendo o seu assoreamento.

A Liga irá acompanhar esta situação, para o que irá iniciar uma série de contactos com as entidades competentes.

Primeira acção de limpeza de invasoras

Realizou-se no passado dia 22 de Novembro, a primeira acção de limpeza de plantas invasoras na Reserva Natural da Lagoa do Fogo, por parte da Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo. A iniciativa contou com cerca de 20 elementos da Liga, assim como com a colaboração de uma equipa de dois Vigilantes da Natureza, que colaboraram activamente, fornecendo importantes informações acerca das plantas invasoras existentes na Reserva Natural.

A Liga removeu exemplares das seguintes espécies: conteira (Hedychium gardneranum), silva-mansa (Leycesteria formosa), tojo ou pica-ratos (Ulex europaeus), nespereira (Eriobotrya japonica), tapete-inglês (Persicaria capitata), e verdenaz ou cletra (Clethra arborea). O material vegetal foi enviado para o aterro sanitário, uma vez que a quantidade de material se revelou demasiado grande para que fosse acomodado numa pilha de compostagem particular. Neste sentido, a Liga promoverá esforços para que no futuro seja possível enviar o material para uma central de compostagem. A nespereira, por seu lado, foi levada para um quintal.

A acção serviu ainda para testar os procedimentos de limpeza e remoção, os quais serão aperfeiçoados em futuras intervenções.

A Liga agradece a participação de todos os voluntários, da equipa de Vigilantes da Natureza e da equipa da RTP-Açores que esteve no local para registar o evento.

A próxima acção de limpeza decorrerá no mês de Dezembro em data ainda a definir.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Primeira actividade da Liga - 22/11/08

A invasão por plantas exóticas é um problema que tende a agravar-se na Reserva Natural da Lagoa do Fogo.

O movimento cívico “Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo”, cujo objectivo fundamental é a recuperação e preservação daquele património natural da Ilha de São Miguel, iniciará as suas actividades com uma acção simbólica de remoção de espécies exóticas invasoras.

Esta primeira acção será realizada no dia 22 de Novembro, Sábado, antecedendo o “Dia da Floresta Autóctone”, com início pelas 10h00m, no miradouro que dá acesso ao trilho para a Lagoa do Fogo. A acção constará da remoção manual de algumas plantas invasoras ainda não muito abundantes no local como o verdenaz, e de outras exóticas como a nespereira e o araçazeiro.

A Liga aguarda autorização da autoridade ambiental para a realização da acção. Caso não seja obtida a referida autorização, a Liga manterá a visita à Reserva Natural no dia 22 de Novembro, com os objectivos de documentar a situação existente e de promover um melhor conhecimento acerca da flora nativa e invasora.

Pretende-se com esta acção alertar a população da Ilha de São Miguel para a necessidade de tomar medidas concretas de preservação da Reserva Natural, e divulgar a existência deste movimento cívico que seguirá uma estratégia geral inclusiva, aberto a qualquer entidade ou cidadão com vontade de participar.

Ponta Delgada, 18 de Novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo

A Reserva Natural da Lagoa do Fogo, localizada na Ilha de São Miguel, foi instituída em 1974. Ao longo dos últimos 15 anos a paisagem observada no miradouro de acesso à Lagoa tem-se alterado. De facto, embora seja actualmente classificada como Sítio de Importância Comunitária, a Reserva Natural já não corresponde à visão idílica do passado.

A quantidade e variedade de plantas invasoras têm aumentado de modo contínuo. Numa breve descida à lagoa é possível encontrar uma espécie de margarida (Erigeron karwinskianus), dezenas de criptomérias (Cryptomeria japonica), dispersas e de variados tamanhos, formações de conteira (Hedychium gardneranum) com diferentes dimensões, um elevado número de fetos arbóreos (Sphaeropteris cooperi), várias árvores jovens de verdenaz (Clethra arborea), que já não é uma invasora apenas localizada na zona leste da ilha, acácia (Acacia melanoxylon), um arbusto semelhante aos brincos-de-princeza (Leycesteria formosa), com as suas bagas vermelhas com numerosas sementes, disponíveis para as aves transportarem, e até o incenso (Pittosporum undulatum). Existem também várias espécies nitidamente introduzidas acidentalmente pelos visitantes, nomeadamente nespereira, araçazeiro e macieira. Para além disso, existe também uma espécie invasora aquática (Egeria densa) muito conhecida na Lagoa das Sete Cidades. Existem ainda plantas ruderais, comuns em zonas sob forte influência humana, como a avoadeira (Conyza bonariensis) e a erva mole (Holcus lanatus), a invadir vários habitats, incluindo zonas húmidas.

Nestas condições, a Lagoa do Fogo está a tornar-se, gradualmente, numa reserva de espécies invasoras. É necessário travar este processo de um modo célere e sem hesitações. Todos temos obrigação de participar, e ninguém deve esperar que os outros resolvam este problema, em especial as comunidades mais próximas. Surgiu, assim, a ideia de organizar um movimento cívico, com o único e, a nosso ver, importante objectivo de travar este processo degenerativo.

Este movimento iniciará as suas actividades com a realização de uma acção simbólica, no próximo mês de Novembro.

Ponta Delgada, 29 de Outubro de 2008,

Luís Silva

Diogo Caetano

José Pedro Medeiros

Luís Noronha Botelho

Maria Manuela Livro

Lúcia Ventura

Eva Lima

Teófilo Braga